Hoje, 25 de julho, é o dia do Escritor. Homenageamos aqueles que fazem das palavras seu ofício na pessoa, é claro, do nosso mestre e mentor.
Hemingway não se cansava de dizer que escrever é um ofício solitário. E exige disciplina, muita disciplina. Por isso impôs a si mesmo uma rotina e, incansável, trabalhava todos os dias até o limite previamente estabelecido.
“Quando estou a trabalhar num livro ou num conto começo todos os dias a escrever tão perto quanto possível do nascer do sol. Não há ninguém que nos incomode e está fresco ou frio e nos aquecemos à medida que escrevemos. Escreve-se até chegar a um lugar onde ainda se tem inspiração e onde se sabe o que vai acontecer a seguir e para-se para tentar resistir até o dia seguinte. Quando terminamos estamos tão vazios, embora simultaneamente nunca se esteja vazio, mas a encher, como quando se fez amor com alguém que se ama. Nada nos pode magoar, nada pode nos acontecer, nada significa o que quer que seja até o dia seguinte, altura em que voltamos a escrever. O que é difícil é ultrapassar essa espera.”
Para ele, não há outro jeito, o escritor tem que ter disciplina, do contrário, não irá muito longe. Mas o boa notícia é que essa disciplina pode ser aprendida. É preciso ser duro com as visitas e com o telefone, grandes inimigos do trabalho. Imagina hoje, com a tecnologia das comunicações, seguramente nossa disciplina deve ser dobrada, talvez mesmo, triplicada.
A seguir, algumas de suas falas a respeito da escrita:
“O telefone e as visitas são os grandes inimigos do trabalho. Pode-se escrever de cada vez que os outros nos deixam estar sozinhos e não nos interrompem”
“A melhor escrita é seguramente quando se está apaixonado.”
“Se a segurança econômica surgiu muito cedo e se amamos a vida tanto quanto amamos o nosso trabalho será necessária muita personalidade para resistir às tentações.”
“A partir do momento em que a escrita se tornou o nosso maior vício e o nosso maior prazer, só a morte pode travá-la.”
“A preocupação destrói a capacidade de escrever.”
“Um escritor que escreve e ensina deve ser capaz de fazer as duas coisas. Há muitos escritores competentes que já provaram que isso é possível. Eu sei que não sou capaz de o fazer e admiro aqueles que o conseguem.”
“Quanto mais avançamos na escrita, mais sozinhos estamos. Mas estamos mais sozinhos porque é assim que temos de trabalhar e o tempo de trabalho é cada vez mais curto; se o desperdiçamos sentimo-nos a cometer um pecado sem perdão.”
“Estou sempre a ler livros, tantos quantos tiver. Abasteço-me deles para estar sempre bem fornecido.”
“Eu tenho pesadelos e sei dos pesadelos que outras pessoas têm. Mas não é preciso que os escrevamos.”
“É péssimo para um escritor falar sobre aquilo que escreve. Ele escreve para ser lido com os olhos e nenhuma explicação deveria ser necessária.”
“Devo dizer que aquilo a que os amadores chamam estilo normalmente é apenas a inevitável dificuldade de se tentar fazer algo pela primeira vez. Quando esses autores se tornam demasiado complicados as pessoas pensam que essa estranheza é um estilo e muitos copiam-na. É lamentável.”
“Releio, por vezes, meus livros para me alegrar quando me é difícil escrever e então me lembro de como isso sempre foi difícil para mim e de como muitas vezes me foi quase impossível.”
“Se um escritor deixar de observar está acabado. Mas não precisa de observar de um modo consciente nem de pensar de que modo aquilo lhe será útil. Talvez no início. Mais tarde, porém, tudo o que vê vai parar à grande reserva de coisas que ele sabe ou que viu.”
“Eu tento sempre escrever sobre o princípio do iceberg. Há sempre sete oitavos submersos para cada parte que está à vista. Aquilo que se sabe pode ser eliminado e isso apenas reforça o iceberg. É a parte que não se vê.”
“Se um escritor omite qualquer coisa porque não sabe, então surge um buraco na história.”
“Em O Veho e o Mar, a sorte foi eu ter um homem bom e um bom rapaz e o fato de ultimamente os escritores terem se esquecido de que isso ainda existe.”
“Um escritor, se for bom, não descreve. Inventa, ou representa, baseado no conhecimento pessoal ou impessoal e, por vezes, parece ter conhecimentos que poderão vir de experiências raciais ou familiares esquecidas.”
“Quem ensina o pombo caseiro a voar como ele voa?”
“O talento essencial para um bom escritor é ter implantado em si próprio um detector de merda à prova de choque. É esse o radar do escritor e todos os grandes escritores o tinham.”
“Das coisas que aconteceram e das coisas tal qual elas existem e de todas as coisas que se sabe e tudo que não se pode saber, faz-se algo, com a imaginação, que não é uma representação, mas antes uma coisa totalmente nova e mais verdadeira do que qualquer coisa que está viva e é verdadeira. E dá-se-lhe vida e, se for suficientemente bem feita, ela torna-se imortal. É por isso que se escreve e não por outra razão qualquer.”